Uma reportagem publicada pela revista Piauí nesta sexta-feira (4) revelou os bastidores financeiros da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), expondo os altos salários e benefícios dos presidentes das federações estaduais. Entre os casos citados, destaca-se o da presidente da Federação Paraibana de Futebol (FPF), Michelle Ramalho, que recebe atualmente R$ 215 mil mensais, além de um 16º salário.
A apuração, assinada pelo jornalista Allan de Abreu, detalha o aumento significativo nos salários dos dirigentes estaduais desde que Ednaldo Rodrigues assumiu a presidência da CBF, em 2021. Segundo a matéria, a remuneração mensal, que antes girava em torno de R$ 50 mil, saltou para os atuais R$ 215 mil. Todos os presidentes de federações também têm direito a um 13º, 14º, 15º e até um 16º salário por ano.
Além da alta remuneração, os dirigentes se beneficiam de uma série de regalias, como hospedagens de luxo, voos em classe executiva e convites para eventos esportivos internacionais com todas as despesas pagas. Durante a Copa do Mundo do Catar, em 2022, por exemplo, dezenas de convidados — muitos sem vínculo formal com a CBF — foram levados ao evento com todos os custos arcados pela entidade, incluindo parlamentares e familiares do presidente.
Michelle Ramalho, além de presidir a FPF, também ocupa cargos em comissões internas da CBF, o que a posiciona entre os principais nomes do alto escalão da confederação. A reportagem aponta que, apesar da arrecadação bilionária da CBF — que superou R$ 1 bilhão em 2023 —, a entidade acumula dívidas que somam R$ 2,6 milhões.
Outro dado alarmante levantado pela Piauí é o corte em áreas estratégicas, como o treinamento de árbitros, que passou a ser realizado exclusivamente por videoconferência. O impacto foi imediato: no ano passado, 110 árbitros foram afastados por falhas técnicas — quase três vezes mais que no ano anterior.
As revelações acendem um alerta sobre a falta de transparência e fiscalização na administração do futebol brasileiro. Enquanto dirigentes acumulam salários e benefícios milionários, áreas fundamentais para o desenvolvimento do esporte sofrem com cortes e descaso. A repercussão da matéria deve aumentar a pressão sobre a atual gestão da CBF e das federações estaduais por mais responsabilidade e clareza na aplicação dos recursos.