A semana política na Paraíba começou com um novo episódio de desgaste envolvendo o deputado estadual Inácio Falcão (PCdoB). O governador João Azevêdo (PSB) exonerou, nesta segunda-feira (20), Ilmar Facundo da Silva, esposa do parlamentar, do cargo de diretora do Hemocentro de Campina Grande, após denúncias de possível favorecimento indevido no repasse de verbas públicas.
O estopim da exoneração foi uma denúncia formalizada junto ao Ministério Público da Paraíba, apontando que Inácio Falcão destinou emendas parlamentares para uma ONG presidida por sua esposa, o Centro Social da Conceição, sediado em Campina Grande. A entidade recebeu R$ 182 mil para aquisição de um automóvel, por meio de uma parceria formal com o poder público.
Apesar de o repasse estar tecnicamente dentro da legalidade orçamentária, o caso levanta questionamentos éticos sérios: o direcionamento recorrente de verbas públicas para uma entidade comandada por familiar direto e, até então, ocupante de cargo público de relevância, fere os princípios constitucionais da impessoalidade e da moralidade administrativa.
A exoneração ocorre num momento delicado para o parlamentar. No fim de março, Inácio se viu no centro de outra crise, após a circulação de um áudio explosivo em que aparece insultando e ameaçando um servidor do Hemocentro. No material, amplamente compartilhado nas redes sociais, o deputado dispara ofensas como “enfia a língua no rabo” e chega a sugerir uma briga física com o funcionário.
A repercussão do áudio agravou a crise e alimentou discussões sobre a conduta do deputado e sua postura institucional. A pressão aumentou nos bastidores do governo, e a exoneração de Ilmar Facundo foi vista como uma tentativa de estancar o desgaste político. Para o lugar de Ilmar, o governo nomeou Andrezza Sandrine Agra Ribeiro.
