Uma Ação de Investigação Judicial Eleitoral (AIJE) movida pela coligação Mudar para Crescer está sacudindo os bastidores políticos de Cajazeiras, no Sertão da Paraíba. A ação, protocolada em dezembro de 2024, levanta suspeitas de uso político da máquina pública durante o ano eleitoral, com contratações feitas por organizações sociais supostamente ligadas à Prefeitura — e envolvendo familiares diretos da prefeita, da vice e de outros agentes públicos.
A investigação, de nº 0600582-75.2024.6.15.0068, tem como alvos a então candidata eleita à prefeitura, Maria do Socorro Delfino Pereira, e sua vice, Christiane Gambarra de Araújo Dantas. Segundo a denúncia, em 2024 — ano de eleições — houve um salto de mais de 620% nos repasses de recursos públicos para empresas terceirizadas em comparação com 2023: de pouco mais de R$ 3 milhões para mais de R$ 21,6 milhões em apenas 10 meses.
As empresas envolvidas foram: Maxicasa, Construpav, COOPBRAS e IGESPE (Instituto de Gestão Social de Pernambuco). Apenas a COOPBRAS disponibilizava publicamente a lista de seus contratados. Diante da ausência de transparência das demais, a Justiça Eleitoral determinou à Prefeitura que apresentasse as listas completas de contratados, com respectivas cargas horárias, salários e ordens de serviço.
Contudo, mesmo notificada duas vezes, a prefeita descumpriu parcialmente a ordem judicial. Foram entregues apenas listas incompletas, sem os documentos que justificariam os repasses milionários.
O que mais chama atenção, no entanto, é o conteúdo das listas obtidas: diversos familiares diretos de políticos aliados da gestão foram contratados pelo IGESPE no ano da eleição. Confira alguns nomes revelados:
• Dimas Soares de Abreu Filho, filho da prefeita eleita, contratado como odontólogo.
• Laura Priscila Araújo Dantas, filha da vice-prefeita, também como odontóloga.
• Raimundo Faustino da Nóbrega Neto, genro da vice-prefeita, contratado como médico.
• Laryssa Cartaxo Delfino Oliveira, prima da prefeita e filha do secretário de Infraestrutura, como odontóloga.
• Mariana Kyanne Trapia de Carvalho, esposa de candidato a vereador e prima do ex-prefeito, contratada como fisioterapeuta.
• Daniele Thairis de Souza Silva, filha do então vice-prefeito e candidato a vereador, contratada como enfermeira.
• Cristina Quirino Limeira, esposa do secretário de Comunicação, como psicóloga.
• Lucas Renan Lucena dos Santos, marido da secretária de Políticas Públicas para Mulheres, contratado como médico.
• Marina Duarte de Souza Rolim, coordenadora da juventude da campanha da prefeita eleita, como educadora física.
As contratações levantam suspeitas de favorecimento político e possível tentativa de beneficiar a campanha da então candidata com recursos públicos.
Se a Justiça Eleitoral entender que houve abuso de poder político e econômico, os envolvidos podem enfrentar condenações que vão desde multa até a cassação de mandato e inelegibilidade por oito anos.
