O deputado paraibano Hugo Motta (Republicanos), atual presidente da Câmara dos Deputados, protagonizou nesta terça-feira (2) o que já está sendo chamado de seu “primeiro papelão internacional”. Durante o 13º Fórum Jurídico de Lisboa, o parlamentar se esquivou de uma coletiva de imprensa previamente anunciada por sua própria assessoria e deixou mais de 50 jornalistas esperando — saindo discretamente pelos fundos do auditório da Universidade de Lisboa.
A assessoria havia garantido que o deputado falaria com a imprensa logo após sua participação na cerimônia de abertura e na primeira mesa de debates, ao lado do ministro Gilmar Mendes (STF) e outras autoridades. Com a promessa, fotógrafos, repórteres e cinegrafistas se posicionaram no espaço reservado à mídia. Mas a entrevista nunca aconteceu. Em vez disso, Motta deixou o local em silêncio e pela porta dos fundos, como quem foge de um constrangimento anunciado.
O comportamento gerou indignação entre os profissionais de imprensa e reforçou a percepção de que o deputado tenta evitar questionamentos públicos — especialmente após o polêmico jantar promovido na casa do ex-governador João Doria, na noite anterior, em São Paulo. O evento, com lista de convidados seletiva, reuniu empresários de grandes corporações e políticos alinhados ao campo conservador, como o governador do Rio, Cláudio Castro (PL), e o vice de São Paulo, Felicio Ramuth (PSD).
Na ocasião, Doria chegou a classificar Hugo Motta como “herói do Brasil”, em tom de bajulação que causou desconforto nos bastidores de Brasília.
A fuga de Lisboa não é um episódio isolado. Motta tem sido peça-chave em articulações contra medidas do Ministério da Fazenda e vem esticando a corda na relação entre o Congresso e o Palácio do Planalto. Recentemente, protagonizou um embate com o governo em torno da judicialização do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), dificultando avanços na agenda econômica.
Ao evitar a imprensa e recusar o diálogo aberto em um fórum internacional, Hugo Motta reforça o cenário de desgaste que ele próprio ajudou a criar. O gesto de sair pelos fundos não passou despercebido — e pode ser lido como um símbolo do momento político que vive: um parlamentar que tenta manter o protagonismo nos bastidores, mas que titubeia quando precisa encarar os holofotes.
Se a intenção era se projetar como liderança nacional, os últimos passos de Motta parecem estar produzindo o efeito contrário: isolamento político e desconfiança pública.