Um novo escândalo político tem movimentado a cidade de Bayeux, na Região Metropolitana de João Pessoa. O vazamento de áudios nas redes sociais revelou uma possível tentativa de coação de testemunha por parte do autor de uma ação judicial que denuncia fraude na cota de gênero nas eleições de 2024. O caso, além de expor os bastidores da política local, pode alterar a atual composição da Câmara Municipal.
Em um dos áudios que circulam nas redes sociais, Jayslan, autor da ação que questiona o cumprimento da cota de gênero pelo partido PSD nas eleições do ano passado, aparece tentando articular a ida de uma ex-candidata à Justiça Eleitoral. Trata-se de Denise da Saúde, uma das mulheres que desistiram da candidatura no pleito de 2024:
“Tia Denise, boa noite, tudo joia? Quem tá falando é Jayslan. Eu tava falando agora com Luciano, em relação à nossa reunião de amanhã, e ele vai tá trabalhando e não vai poder levar a senhora, então ele me pediu para combinar para buscar a senhora e levar lá”. Ouça;
O conteúdo tem sido interpretado como uma forma de influenciar o depoimento da testemunha, o que pode configurar coação e até obstrução de justiça.
Outro trecho explosivo veio de uma áudio atribuído ao presidente da Câmara de Bayeux, o vereador Adriano Martins. Em um discurso contundente, ele revela que várias candidatas do partido teriam sido pressionadas a desistir, algumas sob ameaça de perder o emprego e outras supostamente pagas para abrir mão da candidatura:
“Eu digo isso porque teve duas que me disseram que ele [Isael Martinho, o ‘Fofinho’] deu dinheiro pra elas saírem, pra destruir o partido… Elas já tinham iniciado campanha, receberam fundo eleitoral, gastaram e desistiram.”
Adriano acusa diretamente o ex-vereador Mizael Martinho, esposo da ex-prefeita Luciene Gomes, de ser o responsável por articular a retirada das candidaturas femininas — o que teria sido feito para forçar uma anulação de chapas e beneficiar um grupo político adversário.
A ação de Jayslan, agora sob suspeita, tem como pano de fundo a possível cassação do mandato do vereador Wagner do Grau, eleito em 2024. Caso a Justiça reconheça a fraude na cota de gênero, a chapa pode ser anulada, e o ex-vereador Zé Baixinho, ligado a Jayslan e filiado ao PP, seria beneficiado diretamente, assumindo uma vaga no legislativo. Zé foi o mais votado do partido, mas não se elegeu devido ao quociente eleitoral.
O caso está ganhando repercussão nas redes e deve mobilizar o Ministério Público Eleitoral e até a Polícia Federal, diante das denúncias de coação, compra de desistência de candidaturas e manipulação do processo eleitoral.
Os depoimentos das mulheres envolvidas estão marcados para o dia 6 de agosto, e a expectativa é de grande tensão no Fórum Eleitoral local. Adriano Martins já avisou que pretende comparecer para fazer uma denúncia formal caso veja irregularidades nos depoimentos.