A fala do secretário de Administração da Paraíba, Tibério Limeira (PSB), no mês passado, acabou se tornando um divisor de águas no cenário político após a saída do prefeito de João Pessoa, Cícero Lucena, do Progressistas e o consequente distanciamento da base do governador João Azevêdo (PSB).
Tibério foi direto ao afirmar que, se o governador considera a aliança rompida, esse também seria o seu entendimento. Para ele, não havia mais espaço para ambiguidades:
“Se o governador tem esse entendimento, é claro que eu acompanho. Não só de maneira automática, mas também fazendo uma análise do cenário”, declarou.
A declaração antecipou um movimento que já era esperado na base governista e provocou desdobramentos imediatos.
Entre aliados de Cícero a reação foi dura: secretários da gestão municipal, a exemplo de Janildo Silva (Comunicação) e Bruno Farias (Desenvolvimento Econômico), além do deputado estadual João Gonçalves e o deputado federal Mersinho Lucena, filho do prefeito, saíram em defesa do gestor e criticaram a postura de Tibério.
Já na base governista de João, figuras como o vice-governador Lucas Ribeiro (PP), reforçaram o tom e cobraram de forma clara que os demais aliados escolhessem de que lado estariam.
O ponto central é que a fala do secretário acabou poupando João Azevêdo de uma cobrança pública que mais cedo ou mais tarde teria de ser feita pelo próprio governador. Tibério, ao se posicionar antes, blindou o chefe do Executivo estadual e abriu caminho para que outros aliados também subissem o tom sem que João tivesse que se expor diretamente.
Na prática, o movimento de Tibério marcou o início de uma nova fase na política paraibana: com o afastamento de Cícero, o campo governista exige definição de seus aliados, o que acaba colocando figuras políticas que possuem espaço tanto na administração da capital, como na estadual, em um momento de decisão política delicado.