O senador Veneziano Vital do Rêgo (MDB) criticou com firmeza a decisão do ex-prefeito de Cajazeiras, Zé Aldemir (PP), que anunciou neste domingo (30) apoio ao governador João Azevêdo (PSB) para o Senado, rompendo o compromisso público que havia assumido com ele.
Entre argumentos e críticas, Vené afirmou que “continua, há 55 anos, sendo um homem de palavra, e que vai chegar aos 80 anos com palavra”.
No entanto, acredito que Veneziano possa estar sofrendo de uma espécie de amnésia política — ou talvez apenas usando de má-fé. Isso porque o histórico do senador aponta exatamente para o contrário do que prega.
Voltando no tempo para 2016, ano em que a ex-presidente Dilma Rousseff sofreu impeachment, Veneziano foi um dos deputados federais que votaram favoravelmente à sua saída do cargo. O voto de Veneziano foi considerado um dos mais covardes, já que, por diversas vezes, Lula esteve na Paraíba para pedir votos para o então aliado. Dilma também o apoiou publicamente, em mensagens de TV e durante a campanha.
Em resumo, Veneziano sempre contou com o apoio do PT, de Dilma e de Lula, mas quando precisaram dele, a reciprocidade simplesmente desapareceu do dicionário do cabeludo.
À época, o então deputado estadual Anísio Maia “mostrou a ficha” de Veneziano. Segundo ele, o voto foi uma vergonha: “Veneziano votou para salvar o irmão dele, que está com a corda no pescoço na Polícia Federal. Para mim, aquilo foi a CPI da chantagem, e Veneziano votou pelo impeachment para salvar o irmão”, afirmou Anísio, complementando que “foi esse tipo de gente que votou pelo impeachment de Dilma”.
E não parou por aí. Em 2018, como lembrou o jornalista Fabão, a eleição de Vené ao Senado teve a marca decisiva de Ricardo Coutinho. Foi o apoio do então governador que pavimentou a vitória de Veneziano. Mas bastou surgir a primeira ruptura entre Ricardo e João Azevêdo para que Veneziano escolhesse de que lado ficar: não ao lado do padrinho político, mas do Governo — e, sobretudo, dos cargos que possuía na gestão estadual. Ricardo foi deixado para trás sem cerimônia.
Avancemos no tempo. Quatro anos depois, no último dia do prazo para desincompatibilização, a cena se repete com outros protagonistas, mas com o mesmo roteiro. A esposa de Veneziano, Ana Cláudia, entrega o cargo de secretária, junto com todo o conjunto de posições ocupadas pelo grupo no Governo João. O motivo? O próprio Veneziano decidira lançar-se candidato contra o governador que o havia sustentado politicamente por mais de três anos.
Enfim, se existe alguma figura política na Paraíba com o mínimo de moral para falar de traição, certamente essa pessoa não é Veneziano.

